domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Brasil tem Meta

Hoje, já não parece uma meta tão distante o Brasil se tornar país economicamente rico e socialmente justo, mas há grandes desafios pela frente, como educação de qualidade

Há 90 anos, o Brasil era um país oligárquico, em que a questão social não tinha qualquer relevância aos olhos do poder público, que a tratava como questão de polícia.
O país vivia à sombra da herança histórica da escravidão, do preconceito contra a mulher e da exclusão social, o que limitou, por muitas décadas, seu pleno desenvolvimento.
Mesmo quando os grandes planos de desenvolvimento foram desenhados, a questão social continuou como apêndice e a educação não conquistou lugar estratégico. Avançamos apenas nas décadas recentes, quando a sociedade decidiu firmar o social como prioridade.
Contudo, o Brasil ainda é um país contraditório. Persistem graves disparidades regionais e de renda. Setores pouco desenvolvidos coexistem com atividades econômicas caracterizadas por enorme sofisticação tecnológica. Mas os ganhos econômicos e sociais dos últimos anos estão permitindo uma renovada confiança no futuro.
Enorme janela de oportunidade se abre para o Brasil. Já não parece uma meta tão distante tornar-se um país economicamente rico e socialmente justo. Mas existem ainda gigantescos desafios pela frente. E o principal, na sociedade moderna, é o desafio da educação de qualidade, da democratização do conhecimento e do desenvolvimento com respeito ao meio ambiente.
Ao longo do século 21, todas as formas de distribuição do conhecimento serão ainda mais complexas e rápidas do que hoje.
Como a tecnologia irá modificar o espaço físico das escolas? Quais serão as ferramentas à disposição dos estudantes? Como será a relação professor-aluno? São questões sem respostas claras.
Tenho certeza, no entanto, de que a figura-chave será a do educador, o formador do cidadão da era do conhecimento.
Priorizar a educação implica consolidar valores universais de democracia, de liberdade e de tolerância, garantindo oportunidade para todos. Trata-se de uma construção social, de um pacto pelo futuro, em que o conhecimento é e será o fator decisivo.
Existe uma relação direta entre a capacidade de uma sociedade processar informações complexas e sua capacidade de produzir inovação e gerar riqueza, qualificando sua relação com as demais nações.
No presente e no futuro, a geração de riqueza não poderá ser pautada pela visão de curto prazo e pelo consumo desenfreado dos recursos naturais. O uso inteligente da água e das terras agriculturáveis, o respeito ao meio ambiente e o investimento em fontes de energia renováveis devem ser condições intrínsecas do nosso crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável será um diferencial na relação do Brasil com o mundo.
Noventa anos atrás, erramos como governantes e falhamos como nação.
Estamos fazendo as escolhas certas: o Brasil combina a redução efetiva das desigualdades sociais com sua inserção como uma potência ambiental, econômica e cultural. Um país capaz de escolher seu rumo e de construir seu futuro com o esforço e o talento de todos os seus cidadãos.
DILMA ROUSSEFF é a presidente da República.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lula e sua herança

Bem-vindo de volta, companheiro Lula

O aniversário de 31 anos do PT marcou a volta do companheiro Lula à Presidência de Honra do partido, em ato político realizado na quinta-feira (10) à noite no auditório do Sindicato dos Bancários do DF. Um momento histórico que reproduzo no vídeo abaixo.

O sentido histórico do governo Lula

Reproduzo abaixo artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos publicado na revista Carta Capital.
O balanço de Lula contraria os tradicionais compassos das transações correntes, balança comercial, taxas de câmbio e rubricas aparentadas. São números relevantes, sem dúvida, mas, tratados com interessada subserviência, servem como disfarces da realidade – ora apresentando como diferentes entidades semelhantes, ora pretendendo ser iguais a água e a vinho. Uma variação anual positiva de 6% do PIB, por exemplo, não quer dizer que o número total de pares de sapatos produzidos no ano foi 6% superior ao total produzido nos 12 meses anteriores, ou do total de geladeiras, aspirinas, preservativos e tudo mais. Alguns números reais corresponderiam a bem mais do que à porcentagem registrada, outros a bem menos, e ainda outros a exatos 6%, sem mencionar os números novidadeiros. Uns pelos outros é que desembocam nessa média. Trivial, mas fácil de esquecer e dócil a interpretações marotas.



O economista Fernando Augusto Mansor de Mattos, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), calculou a taxa de variação do produto interno bruto brasileiro dividido pela população (PIB/per capita) nos últimos 60 anos, subdividindo o período por 14 mandatos presidenciais, acabados ou interrompidos, ditatoriais ou eleitos – de Getúlio Vargas/Café Filho a Lula I e II. Vista de longe,- parece que a história econômica do País reprisa sequências de picos e vales de crescimento, variando não mais do que o maior ou menor intervalo de tempo entre uma escalada e uma queda. Uma rotina, quase. E nada melhor que uma rotina para sugerir aos candidatos a cientistas da economia a existência de uma “lei da natureza”. Daí a se imaginar que abundância e escassez caem do céu e que todas as abundâncias se parecem não toma além de dois passos.


Mais um passo e alcançamos a tese rústica de que o governo Lula representou um prolongamento de governos anteriores, no que estes apresentaram de positivo, acrescido de bonançosos ventos internacionais. Virtude e acaso encarnados em sujeitos distintos, operando em tempos sucessivos, a tese excitaria o falecido Maquiavel. Pace Niccolò, a história não é bem essa.


O crescimento de 4,9%, em média, dos prometidos 50 anos em 5 do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956-1960), único presidente progressista eleito a concluir mandato antes do golpe militar de 1964, e o melhor a partir de então entre os de inspiração liberal, em nada se parece aos 4,1% do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, de Ernesto Geisel, cerca de 20 anos depois (1974-1978). Mais 30 anos passados, os modestos 3,5 de Lula II, em novo governo progressista legitimamente eleito, embora apontando ligeiro declive diante do pico JK, representaram a mais espetacular ruptura das últimas oito décadas da República. Mas a interpretação reduzida a números não ultrapassa o registro de que houve 0,8 ponto porcentual de diferença entre o PIB per capita de JK e o de Geisel, e que o de Lula ficou atrás de ambos (o modus faciendi democrático desaparece nos números). Em outras palavras, quem só vê porcentagens significantes não enxerga o conteúdo sendo significado, ignorando que, na economia, importante é o que está dentro dela, estúpido! – diriam os suecos.

Por exemplo: dentro da taxa média de crescimento do PIB/per capita de Lula II faltam números satisfatórios de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos, justamente o que existe em abundância embutido nas taxas dos anos JK. Os “50 anos” recuperados “em 5” de Juscelino chegaram por via aérea ou recebidos em terminais rodoviários construídos às dezenas, acompanhando o ritmo de conclusão das estradas interestaduais planejadas pelos técnicos do então BNDE.- Nada a lembrar o irritante congestionamento atual de aeroportos e estradas, invadidos por passageiros de primeira ou segunda viagem e por motoristas calouros em fins de semana fora da cidade onde moram. Sem esquecer o crescente tempo de espera para desembarque das mercadorias importadas nos portos nacionais. Muitas das quais enviadas da China, com a qual – ninguém podia imaginar – praticamente não falávamos nos anos 50 do século XX. Enfim, os itens em atraso na composição do PIB de Lula I e II fizeram a glória do desfile do PIB estilo JK nos sorridentes anos dourados de meados do século passado. É bem verdade que nem todos sorriam, faltavam os dentes, mas isso fica para depois.


Segundo os conservadores, ou bem o Brasil crescia ou evitava a inflação. Escolha difícil, à falta de terceira opção, e JK, apoiado pelo País inteiro, escolheu crescer, enquanto outros, antes e depois dele, preferiram a estagnação. Perfilhou, inclusive, o desafio de transferir a capital da cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central. (Corre a lenda de que o escritor carioca, católico e engenheiro por formação Gustavo Corção – 1896-1978 –, autor do célebre romance Lições de Abismo, apostou contra a viabilidade civilizatória de Brasília, -assegurando que ela não teria condições de se comunicar nem telefonicamente com o resto do Brasil. Perdeu a aposta, é claro, e provavelmente teria apostado também contra a invenção do celular, jamais imaginando que tal artefato, se existisse, viesse a estar ao alcance de mais da metade da população brasileira em 2010 – cerca de 100 milhões de assinantes – quatro vezes superior ao número de celulares em circulação em 2003. Esta referência parentética destinou-se a ilustrar, com um item que de conspícuo transformou-se em básico, a rápida evolução recente do consumo em todas as rubricas típicas, como fogão, geladeira, televisão etc., consignadas pelos balanços usuais.)


Pois a tese da improbabilidade de crescimento econômico sem inflação era outro dos dogmas do período JK, adotado por todos os governos posteriores, o mesmo que se brandia à véspera do primeiro mandato de Lula. A ver as experiências históricas.


As entranhas do PIB juscelinista deram ganho de causa aos conservadores. As taxas de crescimento anual- da economia foram exuberantes: 1956 = 3,2; 1957 = 8,1; 1958 = 7,7; 1959 = 5,6; 1960 = 9,7. E não seria impróprio atribuir ao carry-over do período juscelinista parte da saborosa taxa de 10,3, em 1961, já no mandato de Jânio Quadros (Conjuntura Econômica, 1972, Separata: 25 Anos de Economia Brasileira, Estatísticas Básicas – FGV). Em contraposição, o índice de preços saiu de um patamar de aumento já elevado de 12,4%, em 1955, avançando a 24,4%, em 1956, e terminando o ano de 1959 com 39,5%, recorde desde o restabelecimento da democracia em 1945. Como de costume, o decreto 39.604-A, de 14 de julho de 1956, concedeu adicional de salário somente aos trabalhadores da indústria. Mais usual ainda, não houve reajuste salarial em 1957 ou em 1958 (Ibre/FGV, Índice de Preços Selecionados – Variações Anuais, 1946/1980).


A decomposição pelo avesso compromete um pouco o brilho do desempenho agregado dos indicadores econômicos de JK.


O oposto se dá com as taxas agregadas de aumento do PIB per capita de Lula I e II. Se mais modestas, elas revelam, contudo, a falsificação da tese hegemônica de que vigoroso crescimento econômico seria incompatível com taxas inflacionárias cadentes. Manutenção do poder de compra dos salários, então, segundo a ortodoxia republicana, nem pensar, sendo ademais delirante a hipótese de que, no Brasil, a economia suportaria aumentos reais na renda dos assalariados. Tentativas anteriores teriam conduzido o País ao limite da anarquia política e à desorganização das contas públicas (fortíssimos indícios, de acordo com as mesmas fontes midiáticas conservadoras e seus conselheiros, de planos sindicalistas revolucionários). Como se vê, não é tanto a história que se repete quanto à natureza e origem dos obstáculos que dificultam a sua progressão.


A avalanche de indicadores positivos durante o governo Lula soterrou o pessimismo.

A retomada do crescimento econômico veio acompanhada de inflação cadente e sob controle, acrescida de inédito aumento na massa de rendimento do trabalho. Em particular, o salário mínimo real dos empregos formais aumentou em 54%, entre 2002 e 2010, estendendo-se o número de trabalhadores com carteira assinada a mais de metade da população economicamente ocupada (Dieese: Política de Valorização do Salário Mínimo, in: Nota Técnica nº 86, São Paulo, 2010). Foram mais 15 milhões de brasileiros a obter empregos com direitos trabalhistas reconhecidos (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, novembro 2010). Naturalmente, também cresceu o número de assistidos pelo sistema da Previdência Social. A curva do desemprego, outro fantasma da excessiva prudência conservadora, apresentou uma evolução favorável, com taxas cadentes desde 2005 até o recorde favorável de 2010, quando a taxa de desocupação foi reduzida a 5,9% da população economicamente ativa.


Vale registrar que o desmonte das hipóteses econômicas sombrias se processou com crescente e pacífica participação nos assuntos públicos por parte de todos que o desejaram. Não houve qualquer repressão oficial a movimentos populares, opiniões ou manifestações políticas. Nenhum grupo social popular ou conservador teve cerceados ou amputados direitos de expressão pública. Ao contrário, entre 2003 e 2009, foram promovidas 59 conferências nacionais sobre os mais variados temas, com o envolvimento de mais de 4 milhões de pessoas, ademais da criação ou reorganização de 18 conselhos para tratamento de problemas históricos da população (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Caderno Destaques, novembro/dezembro de 2009, Brasília).


Ao contrário da anarquia prevista, a substituição de um sistema de valores e de práticas de perfil tradicionalmente elitista por uma orientação de governo comprometido com a promoção econômica, social e cultural da vasta maioria de trabalhadores brasileiros, em particular de suas camadas mais pobres, inaugurou um clima de temperatura política tolerante e cooperativa. São os extremos de dogmático espectro ideológico que, hoje, lastimam a redução na intensidade dos conflitos que, preveniam, seriam atiçados pelo governo Lula da Silva. O absoluto respeito por parte do Executivo às regras do jogo e às demais instituições do País – judiciárias, legislativas, estaduais – é um dos aspectos incluídos no reconhecimento que a população dispensou ao governo, em porcentagens acima até mesmo do apoio eleitoral que lhe deu.

A comoção que acompanhou a transmissão da faixa presidencial à presidenta eleita, Dilma Rousseff, bem como a despedida do presidente Lula da Silva, testemunha a extensão de seu sucesso, excepcional contradita às suspeitas que cercaram sua posse em janeiro de 2003.

Crescer economicamente, administrando a inflação com racionalidade, promovendo a criação de empregos e a valorização real da renda dos trabalhadores não é equação a ser resolvida em demonstrações doutorandas, mas pelo compromisso axiomático do governo com a justiça social e com o progresso material e soberano do País.


Para ser desigual alguém precisa existir. Parece óbvio, mas, em 2006, de acordo com projeções do IBGE, 12,6% da população não existia oficialmente. Em 2002, teriam sido 20,9%. Em Rondônia, o número de nascidos e não registrados no primeiro ano de vida alcança 40%, recorde nacional, e, no Amapá, 33% (Secretaria de Comunicação Social, Caderno Destaques, nov/dez 2009). No total, são pessoas que não dispõem ou dispunham de documento comprobatório de existência, nascimento, nome ou residência. Consequentemente, desassistidas de qualquer tipo de política pública ou direito civil. Para a maioria da população, o acesso a registros tais como certidão de nascimento, carteira de identidade, CPF e carteira de trabalho aparece- -como -fatos tão naturais quanto o nascer, crescer e trabalhar. Não obstante, foi necessário um governo popular se interessar por essa multidão oficialmente invisível e passar a despender recursos para trazê-la à luz do dia. Mutirões foram realizados e outros 1.225 previstos para 2010, particularmente na Amazônia Legal e no Nordeste, para execução do programa de Ampliação do Acesso à Documentação Civil Básica. O alvo é o contingente de brasileiros constituído de povos indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, trabalhadores rurais, moradores de rua, catadores de recicláveis, crianças e idosos em abrigos, distribuídos em municípios de elevados índices de sub-registro.



É duvidoso que um item dessa natureza seja facilmente encontrável na decomposição de qualquer indicador agregado dos governos anteriores, próximos ou remotos. Mas eles fazem parte do povo de Lula, tanto quanto a vanguarda operária dos centros industriais das grandes cidades e a classe média recém-engordada por passageiros vindos das classes D e E.

Na vasta maioria dos casos, o acesso à documentação representa o ingresso em alguma ou várias formas reconhecidas de desigualdade. Nada mais fácil para um brasileiro do que se incorporar a um desequilíbrio social, de um lado ou de outro: gênero, cor, instrução, renda, idade, geografia de nascimento e até estética são portais escancarados à estratificação e discriminação. Entre outros, e crucial, é o portal da Justiça.


A Justiça é dispendiosa para todas as pessoas e para os pobres em particular, além de cara, amedronta mais do que apazigua. Ainda agora- o IBGE- -publicou preciosa pesquisa sobre Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil (IBGE, 2009), com números sobre violência contra pessoas e contra a propriedade, repetindo em certa medida investigação semelhante que realizara em 1988, há 22 anos, portanto. Entre as infaustas novidades encontram-se as que dizem respeito às vítimas preferenciais da violência por classe de renda e idade, por exemplo, e seus algozes. Com base em amostra nacional de 399.387 pessoas e 153.837 unidades domiciliares distribuídas por todas as unidades da Federação, os resultados revelam um quadro comparativo ainda desalentador. Mesmo em casa, não mais do que 78,6% das pessoas se sentem seguras, porcentagem que cai para alarmantes 52,8% da população quando estão na cidade, longe da casa e do bairro.


Há substancial variação regional nesses números, aparecendo a Região Norte como aquela em que a população se sente menos segura, seja em casa (71,6%), no bairro (59,8%) ou na cidade (48,2%). Segundo a pesquisa, os homens sentem-se mais seguros que as mulheres, sem diferença marcante entre brancos e pardos, nesse item sobre subjetividade, em qualquer dos locais investigados. Cerca de 8,7 milhões de pessoas, 5,4% da população residente de 10 anos de idade ou mais, foram vítimas de roubo e/ou furto no período de 27 de setembro de 2008 e 26 de setembro de 2009, com a maior incidência ocorrendo com pessoas- de 16 a 34 anos de idade. A violência física caminha na direção inversa à da renda, com a maioria agredida situando-se na faixa de um quarto do salário mínimo. Os autores da violência física foram desconhecidos, em 39% dos casos, pessoas conhecidas em 36,2%, cônjuge ou ex-cônjuge, 12,2%, parentes em 8,1% das agressões e 4,1% de autoria de policiais ou seguranças privadas. Entre as mulheres, 25,9% delas foram agredidas por cônjuge ou ex-cônjuge. Sujeitas a várias discriminações, as mulheres e a população não branca atestam vários dos desequilíbrios sociais praticados pela sociedade, não obstante a legislação penal existente.


Entre 1988 e 2009, a violência contra a população branca foi reduzida de 64,6% para 52%, enquanto a população preta ou parda, vitimada, aumentou de 34,9% para 47,1%. O mesmo fenômeno se deu na comparação por gênero: a porcentagem de homens roubados ou furtados decresceu de 58,3% para 53,1%, enquanto a das mulheres aumentou de 41,7% para 46,9%. As porcentagens relativas à violência física seguem o mesmo padrão: enquanto a população branca, em particular a masculina, obteve acréscimos de segurança, nos últimos 20 anos, a probabilidade de sofrer agressões corporais aumentou para a população feminina, preta e parda.


Embutido nesses números está o testemunho da extensão em que níveis de pobreza, por certo, mas igualmente da aspereza da cultura cívica somam-se para fabricar uma sociedade ainda predatória e discriminatória. Sua superação exige largo intervalo de tempo.


Do outro lado da ponta da prevenção, que claudica, encontra-se a oferta de proteção jurídica. A nova Lei Orgânica da Defensoria Pública, de outubro de 2009, ampliou e tornou efetiva a possibilidade de que cidadãos sem capacidade financeira para a contratação de advogados obtenham condições de trazer pleitos junto aos tribunais. Entre 2003 e 2008, o número de defensores públicos passou de 3.250 para 4.525, e o número de atendimentos jurídicos de 4,5 milhões para 9,6 milhões, um acréscimo de 113% (Fonte: Ministério da Justiça).


O Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, criado em 2003, embora não implantado ainda em todos os estados, já atendeu 1.375 crianças e adolescentes e 2.255 familiares. Diante da incessante fábrica de desigualdades, -discriminações e violência que é a sociedade brasileira, programas como o (PPCAAM), entre outros, e inovações institucionais como as Secretarias Especiais da Mulher e da Promoção da Igualdade Racial, que atuam sobretudo na reparação de transgressões, não deixarão de apresentar resultados mais substantivos no longo prazo.


Se a violência estrutural é difusa e resistente, a redução das carências iminentes da população pobre – atendimento à saúde e educação – depende fortemente da disposição e ação governamentais. O número de farmácias populares para atendimento ao povo de Lula cresceu 1.826%, entre 2004 e 2008, vendendo mensalmente medicamentos a preço de custo a 1 milhão de pessoas. Outro milhão de pessoas adquire medicamentos, por mês, com descontos de até 90%.


O programa Saúde da Família é conhecido, mas nem tanto o programa Brasil Sorridente, para o povo malcuidado, tópico embaraçoso para governos de elite. Em 2004, foram instalados cem Centros de Especialidades Odontológicas, aumentados para 771, em 2009. Com 18.650 equipes, atenderam 87 milhões de brasileiros, em 2009 (Ministério da Saúde, Boletim, novembro de 2009).


Programas para portadores de deficiência física, que alcançam 14% da população do País, incluíram a adequação de 10.489 escolas, entre 2007 e 2009, para atendimento especializado (Seesp/MEC). O ProUni, educacional, o Programa da Agricultura Familiar, produção de alimentos, e o Minha Casa Minha Vida, habitacional, somam-se aos referidos para orquestrar o que constitui o compasso essencial do balanço de Lula. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem papel destacado na composição do PIB dos últimos anos, com certeza, assim como as iniciativas nas áreas da grande agricultura e da exportação. A visibilidade do programa Bolsa Família e suas dezenas de milhões de famílias recuperadas à miséria a instala por gravidade no centro da atenção midiática.


Mas o pernóstico debate sobre atribuído assistencialismo do programa ofusca o princípio ordenador das prioridades do governo e o sentido histórico dos dois mandatos do presidente Lula da Silva. Crescimento econômico, inflação sob controle, expansão do emprego e redução das desigualdades sociais são metas compatíveis, sim, entre si e com a democracia, desde que o governante adote políticas em harmonia com a agenda preferencial do povo – isto é, do povo de Lula.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

45 MOTIVOS P/ NÃO VOTAR NO SERRA!

45º Serra ñ acredita no Bolsa Família: em SP, 300 mil famílias podiam receber o benefício, mas só 170 mil de fato recebem




44º Em plena crise econômica de 2009, Serra cortou R$ 2,77 bilhões que seriam destinados a investimentos do Estado!

43º A política de segurança pública do Serra é tão boa q em SP já tem estilingue gigante de celulares ao lado de presídio

42º Serra não investe na formação de professores: em 2009 ele deixou de investir metade da verba prevista p/ capacitação!

41º O Saresp mostrou: em SP, no governo Serra, alunos da rede pública terminam ensino médio com conhecimento de 8a série!



40º Para Serra, educação é assunto de polícia: quem se lembra de como ele tratou professores em greve de SP? A paulada!

39º Serra e o ensino em SP: valor da hora-aula paga por Serra aos professores de SP é metade do valor pago em Roraima!

38º Como Serra valoriza professores: SP caiu 4 colocações no ranking de salários de docentes - o estado ocupa o 14o lugar 37º Educação no gov Serra: mais da metade dos alunos que concluíram ensino médio em SP não sabiam o básico de matemática! #45motivosSerraNAO 36º A política de educação do Serra é um desastre: SP teve uma das piores notas na prova de matemática do Saresp!

35º O (des)respeito de Serra pelos servidores é tão grande que o tícket refeição pago por ele é de R$ 4,00 (vale-coxinha)

34º Valorização dos servidores públicos? Serra não sabe o q é isso! Funcionário público no gov Serra tem salário defasado

33º Serra quer tirar todas as responsalidades do Estado: no ABC, 90% do pessoal da Saúde é terceirizado! Ele é privatista

32º Serra podia ter construído 84 novos hospitais em SP com 250 leitos cada, mas preferiu realocar a verba para área adm!

31º O gov Serra, em SP, tem 51 contratos que somam R$ 63 milhões com uma empresa envolvida no mensalão do DEM! Suspeito!

30º Serra sucateou o SUS em SP, terceirizando os serviços da Saúde, através das OSS! É uma privatização disfarçada!

29º Serra cuida mesmo da saúde do povo? Dos R$ 104 milhões previstos para Saúde da Família, ele gastou só R$ 79 milhões

28º Serra diz ter “obsessão” pela Saúde, mas usou mais de R$ 2 bilhões do SUS em aplicações no mercado financeiro!

27° Serra diz q cuida bem da Saúde: mas a dengue em SP cresceu + de 1000% só no 1º trim de 2010! Ele cuida bem do Aedes!

26º Serra tem DNA da Mentira é amigo de FHC que diz ter criado o Real, na verdade o Real foi criado por Itamar Franco

25º Serra mente, se diz autor do Programa Combate a AIDS, na verdade o Programa é de Lair Guerra e Adib Jatene



24º Serra mente, diz que foi autor dos genéricos, quando na verdade foi Jamil Haddad o autor, em 1993

23º Serra mente, disse que não deixaria a prefeitura em São Paulo, dois anos depois disputou eleição para Governador #45motivosSerraNAO

22º Serra vendeu a Nossa Caixa, o ultimo banco público de São Paulo. Ele é privatista.

21º Serra não coloca o pé no barro. Trabalha pouco. Sua agenda só começa depois do meio dia

20º Serra é preconceituoso, disse que o problema do ensino em São Paulo são os Nordestinos

19º Serra manteve policiais infiltrados em movimentos sociais em São Paulo, agindo como um ditador.

18º Sempre votou contra os Trabalhadores, recebeu nota de 3,75 do DIAP como dep. federal constituinte

17º Mau-tratos a Professores e Funcionários Publicos e sucateamento da Educação

16º Guerra entre Policiais, Crime Organizado Tomando Conta, Assaltos, Sequestros, Crack este é o Jeito Serra

15° No gov FHSerra, diplomata brasileiro tirava sapato para entrar nos EUA. Hoje, Obama reconhece Lula como grande líder.

14º Para Serra, o problema do Brasil é excesso de estado. Lula provou que é a falta dele.

13° Serra foi ministro do Planejamento e o que conseguiu planejar foi o APAGÃO por OITO MESES.

12º tudo o q construímos nestes anos estará perdido,os tucanos tem ligação c empreiteiras e terá que repartir o bolo

11º você só ouve falar do Serra ou qualquer outro político do PSDB em época de eleição, depois eles desaparecem.

10º Serra tem o apoio da revista Veja,que sabemos luta contra o crescimento do país e faz de tudo para desestabilizar

9º Em seu quadro a oposição tem políticos como Arthur Virgílio,Tasso Jereissati, ACM Neto, FHC e Arruda claro.

8º Todo mal q foi feito por FHC, como as privatizações, estará de volta. Atenção, ainda temos a Petrobrás!

7º No governo Serra a violência aumentou muito em São Paulo. Falta Segurança Pública e valorização dos policiais.

6º As cidades paulistas estão cercadas por pedágios. O preço? O maior do mundo.

5º O PSDB governa para a elite e depois de eleitos, esquecem da população. 4º O partido de Serra está no poder em São Paulo há mais de 15 anos e todos sabem como SP parou! Não quero isso .

3º Serra: Arrocho, descaso, má gestão!!!

2º SERRA acabou com SP, se vc deixar vai acabar com o Brasil

1º SERRA, representa o retrocesso e a Privatização, FHSERRA Nunca Mais!!!

Moral da história: Eleger o vampiro Serra é o FIM para o Brasil.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O começo DILMA vitória do povo

Começa a campanha eleitoral, com o registro das candidaturas nos tribunais regionais e no TSE. O PT atingiu quase todas as metas que deliberamos em nosso 4º Congresso. A prioridade da eleição presidencial foi cumprida e a visão de ampla aliança com base na coalizão que sustenta o governo Lula foi materializada na coligação que apoia Dilma e Temer. Como diria um amigo nosso, nunca antes na história deste partido fomos tão amplos e tão bem sucedidos em nossa aliança. O PT soube ceder em vários estados, na composição das chapas majoritárias. Queremos crescer, como todo partido. Mas hoje temos a responsabilidade de crescer com os aliados e trabalhar para manter no comando da República o projeto que transforma o Brasil.



Nossa candidata, que, para muitos da oposição e até para alguns na base e no PT, era uma aposta arriscada, mostrou que tem “café no bule” e chega ao começo da campanha empatada com Serra, na pior das hipóteses e das pesquisas. Dilma está segura, tem um amplo apoio partidário, tem o suporte da maioria dos movimentos sociais e de grande parte do empresariado. Tem um programa de governo realista e ousado, baseado no sucesso dos oito anos de Lula, nos quais ela foi peça fundamental. Nossos adversários não tem programa de governo e ainda tem que explicar o governo FHC e o governo Serra em São Paulo, com seus pedágios, educação decadente e segurança pública em crise permanente.



Estamos bem, mas não ganhamos nada ainda. Temos que construir esta vitória nas ruas, com o povo, para vencer as eleições e consolidar politicamente o projeto que queremos para o Brasil.



O povo sabe, agora, que crescer é possível e que para crescer é necessário distribuir, é preciso ter uma nova visão do papel do Estado e uma nova inserção internacional. A campanha nacional do PT deve mostrar que isso será muito mais efetivo se a grande maioria das 27 unidades da federação estiver com o projeto nacional. Nós, de São Paulo, devemos ter competência para demonstrar que o estado que tem 25% da população e 40% do PIB é peça chave do projeto e é vital termos alguém alinhado no Palácio dos Bandeirantes. A vitória de Aloizio Mercadante pode ser uma alavanca fundamental para um sucesso ainda maior do governo Dilma.



Agora é hora de trancar todos os saltos altos no armário e colocarmos os pés no chão, amassar o barro e conquistar a vitória de um sonho que mostrou ser viável. Às ruas, PT.



Ricardo Berzoini é deputado federal e foi presidente nacional do PT

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Lula é inspiração para esquerda democrática, diz premiê português !

BBC

O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, vê o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, como "um dos grandes nomes da esquerda mundial". Em entrevista exclusiva à BBC Brasil antes de embarcar para uma visita de três dias ao Brasil, Sócrates afirmou que o presidente tem um capital político que não deve ser desperdiçado e que Lula poderia ocupar qualquer posição de relevo na cena internacional.

O primeiro-ministro afirmou ainda que o crescimento econômico e político brasileiro pode ajudar Portugal e disse acreditar que seu país está se tornando uma plataforma para empresários brasileiros atuarem no mercado europeu.

A respeito da economia europeia, ele afirmou que o euro não está em risco e que a moeda só sofreu os problemas que teve por ser "jovem". Diz que a economia da zona euro não tem motivos para ser pior avaliada do que a norte-americana ou a japonesa, por ter um déficit inferior.

No Brasil, Sócrates irá para participar no 3º Fórum para a Aliança das Civilizações, que ocorre esta semana no Rio de Janeiro com a presença de Lula.

Na quinta-feira, ele estará na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista, para um encontro com empresários brasileiros que investem em Portugal na Fiesp.

Na sexta, terá um encontro no Rio de Janeiro com empresários portugueses interessados em fechar negócios no Brasil. No sábado, o primeiro-ministro português vai à Venezuela, para uma visita de um dia.


Leia a seguir os principais trechos da entrevista:



BBC Brasil - O presidente Lula termina seu segundo mandato depois de conseguir uma considerável projeção no cenário internacional. O sr. vê algum futuro político para Lula neste cenário?


José Sócrates - Eu já tenho dito isso, (a retirada de Lula do cenário internacional) seria um desperdício, mas a verdade é um pouco mais profunda. A esquerda mundial tem que ter referências e o presidente Lula teve os maiores sucessos a nível da governança nas últimas décadas.

O presidente Lula deixa um legado de uma governança econômica muito responsável e muito equilibrada, ao mesmo tempo que desenvolveu políticas sociais.


E esse legado é importantíssimo para a esquerda mundial e hoje serve de inspiração e de referência para todos os governantes da esquerda democrática.


BBC Brasil - O que o senhor acredita que o presidente Lula deveria fazer depois do mandato?

Sócrates - O presidente Lula tem muitas oportunidades e muitas possibilidades. O mais importante é que ele continue ativo na política ativa mundial.


BBC Brasil - Mas fala-se do Banco Mundial, do cargo de secretário-geral da ONU, com uma estrutura reformada.

Sócrates - Acho que o presidente Lula tem hoje um capital político que lhe permite ocupar qualquer lugar internacional de referência e julgo que é uma honra para a esquerda mundial ter um de seus grandes valores de referência e ser de língua portuguesa. Isso é um orgulho muito grande para quem fala português, verificar que o presidente Lula é um dos grandes nomes da esquerda mundial.

BBC Brasil - Como o senhor avalia a importância econômica que o Brasil atingiu neste momento?
Sócrates - O Brasil é a grande revelação do mundo nos últimos anos. Não apenas uma revelação ao nível econômico, mas também ao nível político. O país tem uma subida no contexto geoestratégico.
O mundo mudou muito, e esse é um dos fatores de mudança, a ascensão do Brasil, que é criticamente estratégica para Portugal. À medida em que o país sobe no conceito das nações, Portugal vai atrás.
Tem sido muito agradável verificar que o Brasil deixou de ser um país de potencial para se afirmar como uma potência política e econômica.


BBC Brasil - O Brasil vai ter a Copa do Mundo e a Olimpíada. O que isso traz de oportunidade para os empresários portugueses?

Sócrates - Traz uma grande oportunidade para a cooperação econômica entre as empresas portuguesas e as brasileiras. Julgo que a relação econômica entre as duas economias está cada vez mais forte, mais ligada. É muito agradável poder reconhecer que o Brasil finalmente descobriu Portugal como o país em que se pode investir para se lançar no mercado europeu.


BBC Brasil - Tendo em conta a situação de crise, o senhor acha que Portugal poderia pegar uma carona no crescimento brasileiro?
Sócrates - Sim. O crescimento brasileiro é absolutamente essencial para as empresas portuguesas.
Nós temos muito investimento no Brasil, muitas empresas, e hoje tive uma conversa com empresas portuguesas que estão a investir no Brasil e o desenvolvimento é muito interessante para as empresas portuguesas, que estão há muito tempo a investir no Brasil, desde meados da década de 90.
Pretendemos diversificar esse investimento e na terça-feira passei toda a manhã a falar com as empresas portuguesas sobre a importância que tem para nós o mercado brasileiro.

O mercado brasileiro ainda é um mercado muito protegido, porque o Brasil tem uma política muito concentrada no seu mercado interno - é um mercado grande e pode fazê-lo -, mas julgo que à medida que o país se internacionaliza, que as empresas brasileiras se lançam na aventura da internacionalização, isso abre um espaço de oportunidade imenso para o nosso país.

BBC Brasil - A imagem de Portugal para muitos brasileiros é de um país atrasado. O que Portugal tem a oferecer para o Brasil?

Sócrates - O mais importante para nós é que os brasileiros percebam o que é Portugal. É um país moderno e europeu, que não tem nada a ver com o país de 20 ou 30 anos atrás. É um país que tem indicadores econômicos e sociais e indicadores de conforto de um país europeu.

Julgo que a capacidade da economia portuguesa para cooperar com as empresas brasileiras no desenvolvimento da economia brasileira é uma amostra do seu potencial e nós temos uma cooperação excelente e vantajosa para ambos os países em todos os domínios, nos mais avançados tecnologicamente, nos domínios da cooperação científica e nos domínios energéticos.

Nós somos o país que mais cresceu em termos de energias renováveis, nós somos o país que mais cresceu em termos de tecnologias de informação e comunicação.

Qual é o país que lidera o ranking de governo eletrônico na Europa? É Portugal.

Aqui você constitui uma empresa em menos de uma hora. Eu faço um desafio, tente constituir uma empresa aqui. No ano passado, 52% das empresas constituíram-se em 32 minutos. Você pode constituir aqui uma empresa em menos de uma hora.

Em fevereiro deste ano, 32 empresas por dia foram constituídas online, apenas com base no computador, sem necessidade de ir a nenhuma repartição pública. Portugal é um país muito moderno desse ponto de vista.

BBC Brasil - Portugal foi uma das vítimas do ataque ao euro. O senhor acredita que o euro possa estar em risco?

Sócrates - Não. Isso só acredita quem não conhece a Europa e não conhece o euro.

O euro foi uma das grandes conquistas do projeto europeu. Há 30 anos, ainda tínhamos fronteiras na Europa, tínhamos moedas nacionais e acabamos com tudo isso e formamos uma comunidade em que partilhamos a nossa soberania.

Isso só pode andar para frente. O euro é uma das grandes conquistas políticas dos últimos anos. Os alemães abdicaram do marco, os franceses abdicaram do franco, nós abdicamos do nosso escudo.

Temos uma única moeda para todos. Isso é uma conquista política que traz cooperação, partilha de soberania, paz, liberdade.

A Europa é o continente do mundo onde mais se compatibiliza a liberdade, a proteção social e o crescimento econômico.

BBC Brasil - Mas nessa crise, parece que houve falta de coordenação.

Sócrates - Sabe, o euro é um projeto ainda jovem, tem apenas dez anos. Nós temos que reconhecer que não estávamos preparados para esse ataque (especulativo), porque nunca tinha acontecido.


Esta desconfiança dos mercados relativamente à capacidade de a Europa pagar as suas dívidas foi algo que nunca aconteceu e espero que nunca mais venha a acontecer porque não tem justificação econômica.

Qual é o déficit médio da Europa? Pouco acima de 6%. Quanto é nos Estados Unidos? É 11%. Quanto é no Japão? É 11%. Isso não tem a mínima justificação, nem racionalidade, nem fundamento econômico.

BBC Brasil - E como vai se organizar esse mecanismo de salvaguarda do euro?

Sócrates - Nós já estamos a organizar. Não só definimos um mecanismo para dar garantias internacionais que todos os países da zona euro terão de cumprir suas obrigações e esse mecanismo foi importante ter sido formado.

O Banco Central Europeu também está a agir, e cada um dos Estados está a fazer um esforço para reduzir já este ano e no próximo ano ainda mais os seus déficits orçamentais de forma a oferecer mais confiança.

Isso acontece em Portugal, acontece na Espanha, acontece na Alemanha, onde há notícias de que os alemães também vão aumentar seus impostos, acontece na Itália, na Irlanda.

Todos os países estão a tomar medidas de forma a corrigir seus déficits orçamentais para reforçar a confiança dos mercados internacionais.


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quarta-feira, 28 de abril de 2010

GOVERNO LULA:Brasil bate recorde na criação de empregos formais nos últimos sete anos

Nos últimos sete anos, o Brasil deu um salto na geração de postos de trabalho, virando a página da estagnação que marcou a década de 1990 com a chamada “crise do emprego”.




Entre 2003 e 2009, durante o governo Lula, foram criados 12,4 milhões de vagas com carteira assinada. Nos oito anos anteriores (1995 a 2002), foram menos da metade: 5 milhões de empregos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).



Segundo os dados, entre 1995 e 1998, o setor público e as empresas privadas criaram 824.394 vagas. Por outro lado, entre 2003 e 2006, primeiro mandato do presidente Lula, foram abertos 6.471.336 postos de trabalho.



Descontados os números do setor público, o balanço das contratações e demissões no setor privado revela que o Brasil encerrou 1999 no negativo, com um recuo de 196 mil.

De 2000 a 2002, houve uma tentativa de reversão do quadro de retração da dácada anterior com a geração de 2 milhões de empregos. No primeiro ano do governo Lula, o Caged registrou ainda a tímida criação de 645 mil novos postos de trabalho. Mas, a partir de 2004, uma sucessão de recordes mudou o cenário de estagnação que dominava o mercado de trabalho.



“Há muita coisa por fazer, mas certamente o Brasil tem o que comemorar. Os trabalhadores têm mais oportunidades e mais direitos. E este é o primeiro governo a manter um diálogo permanente com as centrais sindicais”, afirma o ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini.



O governo atribui os elevados índices de geração de emprego ao crescimento econômico estimulado pelos investimentos em políticas sociais. A alta do consumo nas classes mais baixas protegeu o Brasil dos efeitos mais nefastos da crise econômica de 2009. Sem investimentos em política social, isso não seria possível. No ano passado, segundo o Caged, foram criados 995 mil postos de trabalho. A maioria dos países desenvolvidos teve redução acentuada dos empregos. Para 2010, a expectativa do governo é de 2 milhões de vagas.



O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, avalia que a revisão do papel do Estado como regulador e indutor do crescimento econômico foi fundamental para que a “década da resistência” ficasse para trás. Ele cita a política de valorização do salário mínimo, o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como exemplos da “recolocação” do Estado na economia. A taxa média de crescimento da economia passou de 2,1% (1999-2002) para 3,3% (2003-2005), devendo atingir 5,8% em 2010.



“Passamos os anos 1990 resistindo aos ataques da política neoliberal contra os salários e as políticas sociais. Hoje vemos que crescimento econômico tem que vir aliado à inclusão social e distribuição de renda”, nota o presidente da CUT.

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os lobos das pesquisas eleitorais

Postado por José Dirceu as 15:58 h




Recebeu pouco destaque na semana passada uma inusitada polêmica sobre os resultados das pesquisas eleitorais à Presidência da República. O ponto de discórdia foram os resultados destoantes que o Datafolha apresentou, com o tucano José Serra à frente (36% de intenção de voto) e a ex-ministra Dilma Rousseff nove pontos percentuais atrás (27%). Os dados referem-se a um levantamento feito no final de março, mas foram praticamente repetidos em meados de abril (Serra com 38% e Dilma com 28%).



Os números dos dois levantamentos são altamente contraditórios com a tendência verificada por todos os institutos em pesquisas anteriores, inclusive pelo Datafolha, que apontara em fevereiro 32% para Serra e 28% para Dilma, resultados que consolidavam a aproximação constante e consistente de Dilma registrada desde março de 2009.



A situação foi reforçada pelo Vox Populi no final de março deste ano (Serra 34% e Dilma 31%), mas também pelo Sensus no início de abril (Serra 32,7% contra 32,3% de Dilma). Ambos traziam um cenário de empate técnico, algo esperado pelos analistas.



Diante da divergência numérica, a Folha de S.Paulo, do grupo do Datafolha, adotou comportamento questionável para justificar os números destoantes: jogou suspeitas sobre o trabalho dos dois institutos concorrentes. O Vox Populi e o Sensus viraram alvos da Folha. O primeiro passou a ser suspeito de usar uma ordem de perguntas que poderia, supostamente, direcionar as respostas dos entrevistados. O segundo foi criticado por um erro no registro do contratante da pesquisa.



Mas notem que até aquele momento a metodologia do Vox Populi não havia sido alvo de questionamentos. E não poderia ser, pois os resultados eram semelhantes aos apresentados por outros institutos. Da mesma forma, é leviana a insinuação de que o Sensus comprometeu seus resultados porque errou o nome do contratante, quando o que importa é a metodologia aplicada.



Qualquer analista de pesquisa sério que observe os dados apresentados por todos os institutos do último ano ficará intrigado com os números trazidos pelo Datafolha. Simplesmente porque há uma máxima analítica que diz ser necessário olhar a trajetória dos candidatos, não o resultado em si. Ora, a trajetória clara na disputa eleitoral é de estagnação e princípio de queda de Serra e crescimento de Dilma.



Ao contrário do que tentou propalar a Folha, as suspeitas recaem sobre o Datafolha, não sobre os seus concorrentes. É lógico que existe a possibilidade de o Datafolha ter indicado uma nova tendência, ainda não captada pelos demais institutos, mas é preciso que a mesma se confirme nos próximos dois meses.



Não nos esqueçamos, contudo, que a Folha fez questão de publicar em fevereiro que, embora a margem de erro fosse de dois pontos percentuais, os 32% de Serra contra os 28% de Dilma não era uma situação de empate técnico porque a chance de ambos com 30% era estatisticamente improvável. Ou seja, recorreu a instrumento estatístico inédito para justificar a opção por não levar à manchete o empate entre os candidatos.



Lembremos também que foi a Folha que publicou, em 1998, na semana das eleições e no dia da votação, pesquisa Datafolha para o Governo de São Paulo com o ex-governador Mário Covas bem à frente da candidata do PT, Marta Suplicy. Abertas as urnas, verificou-se que Marta quase foi para o segundo turno no lugar de Covas.



Esse conjunto de fatores provocou reação do Vox Populi e do Sensus, além de reparos também por parte da Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa). Afinal, o adequado seria um debate profundo de metodologias e de resultados, não a tática de jogar suspeita sobre os concorrentes. Mas talvez o jornal soubesse que esse debate daria razão ao Vox Populi e ao Sensus.



Aos eleitores —e leitores—, vale o alerta do episódio: a campanha eleitoral será recheada de supostas controvérsias plantadas com o objetivo de evitar o real debate a ser feito no país, o das realizações no Governo e dos projetos para os próximos quatro anos. Neste 2010, há mais lobos em peles de cordeiro do que podemos imaginar.