quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dutra: 'Vamos convocar o povo para comparar Lula a FHC'

Em coletiva para anunciar sua vitória, o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que a comparação entre o governo Lula e FHC vai ser a principal tática eleitoral para eleger a ministra Dilma Rousseff presidente da República. Ele prometeu convocar a população para fazer tal comparação e afirmou que, independente de quem seja o candidato tucano, José Serra ou Aécio Neves, haverá uma luta entre um “projeto neo-liberal do PSDB” contra um projeto “desenvolvimentista do PT”. Veja o que falou:


- Há uma diferença que acho fundamental entre as eleições de 2010 e até 2002. Alguns colocam como um obstáculo intransponível o fato de não ser Lula candidato. Mas até 2002 tínhamos uma expectativa a apresentar (...) Agora temos um projeto vitorioso.

- Vamos conclamar a população para fazer comparação entre dois projetos e dois modelos de governo que ela já conhece. Conhece o da oposição, dos oito anos de FHC, e conhece o nosso projeto, que está sendo materializado nos oito anos de governo Lula.- Temos convicção que temos como ganhar eleição, mas sem sapato alto, pois sabemos que vai ser uma eleição difícil, independente do nome (...) Não vamos escolher um adversário.

A crise serviu para desmontar que nossa política econômica não era simples continuidade da do governo anterior (...) Ao contrário de antes, passamos por uma crise não na periferia do capitalismo, que chegou a a quebrar o Brasil, mas uma no centro, que estamos superando sem quebrar.

- Vamos comparar nosso governo, que permitiu a ascensão de 30 milhões de pessoas, tirou 20 da linha da miséria com o projeto anterior.

- Na minha avaliação a eleição vai ser polarizada. Marina Silva (PV) não é alternativa real de poder, pelo menos não em 2010.

Isso é tudo que a oposição mais teme.Isso é tudo que eles não querem. Serra é um FHC piorado, Serra é mais cínico, faz o jogo mais rasteiro, e um grande mentiroso. Assim será feito, vamos a comparação, e vamos rumo a vitória com Dilma em 2010.

sábado, 14 de novembro de 2009

Dilma a futura Presidente!

Autor(es): Carlos Pio
O Estado de S. Paulo.

Daqui a exatos 12 meses os brasileiros vão escolher o seu novo presidente. Poucos analistas parecem ter dúvidas de que teremos segundo turno e de que este será disputado pela candidata do presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff, e por um dos candidatos do principal partido da oposição, provavelmente o governador José Serra. Mas quase ninguém arrisca um prognóstico sobre o pleito, cautela essa provocada pelo que parece ser uma disputa apertada entre dois candidatos "sem graça", tecnocratas de cabeça e coração. Eu vou arriscar: Dilma ganha de Serra (ou Aécio Neves) no segundo turno, com folgada margem. Vou explicar por quê.
Para começo de conversa, é fundamental enfatizar como o processo de seleção dos candidatos presidenciais afeta o desenlace da campanha. No nosso caso, demonstra o quanto a democracia brasileira ainda é dominada por indivíduos que estão no topo das organizações partidárias (e não por regras institucionalizadas). Em si mesmo, esse fato limita um verdadeiro debate de ideias sobre os problemas nacionais e sobre as diferentes alternativas existentes para resolvê-los. Dilma foi escolhida por uma única pessoa - o presidente Lula -, possivelmente após ouvir a opinião de alguns de seus conselheiros mais próximos. Serra será (ou não!) candidato a partir de uma decisão individual sua, à qual os dois partidos que o apoiam (PSDB e DEM) acederão sem maiores questionamentos. Se ele preferir não se candidatar a presidente, como em 2006, Aécio assumirá o posto também por decisão individual - mesmo que sob forte pressão dos aliados. Nesse processo terão sido ouvidas, talvez, quatro ou cinco outras pessoas. Ciro Gomes e Marina Silva se autodeclararam candidatos e suas legendas aceitaram - esta última tendo, por sinal, saído do PT com esse propósito.
Em suma, em todos os "partidos" a escolha do candidato a presidente se dará de forma não institucionalizada e, por conseguinte, sem debate público sobre as diferenças entre os eventuais postulantes no que diz respeito aos diagnósticos de nossos principais problemas e ao conteúdo das soluções que virão a propor. O eleitor também não saberá de antemão a diferença entre os candidatos no que concerne à governabilidade - isto é, como o eleito articulará sua base de apoio congressual e seu Ministério para viabilizar as ações do governo. Assim, a decisão do eleitor será tomada sob forte névoa de incerteza.
Sem debate público interno aos partidos, sem processo institucionalizado de escolha dos seus respectivos candidatos e sem um mínimo de clareza sobre a montagem futura das alianças políticas necessárias para governar, as eleições tendem a assumir um caráter ainda mais plebiscitário do que normalmente ocorre em regimes presidencialistas. Plebiscitário aqui assume o sentido de julgamento dos méritos do atual governo, desconsiderando a oposição. Destituí-lo, pela rejeição à candidata do presidente, representa incorrer em grau ainda mais acentuado de incerteza e insegurança para todo eleitor que tem algo de substancial a perder com a vitória da oposição - uma Bolsa-Família, uma tarifa de importação elevada, um subsídio tributário, uma vaga em universidade federal ou bolsa do governo federal, um emprego em empresa estatal ou de capital misto.
Um plebiscito sobre a renovação do mandato do grupo político do presidente será decidido em função do apoio do eleitor mediano (aquele que separa a distribuição dos votos de todo o eleitorado entre 50% + 1 e 50% - 1) à seguinte questão: "Você concorda que as coisas estão claramente melhores hoje do que no passado recente?" Esse foi o sentimento que marcou claramente as eleições de 1994, 1998 e 2006, todas vencidas pelos governos da ocasião. E parece-me razoável supor que tal sentimento é característico de períodos em que 1) a inflação está sob controle, 2) o governo tem capacidade de manejar os instrumentos de política necessários para dar um mínimo de segurança e estabilidade diante de um contexto externo instável e ameaçador, 3) há perspectiva de crescimento econômico e de queda do desemprego, 4) o gasto público e as políticas sociais focalizadas nos mais pobres estão em expansão. É isso o que vivemos hoje, não?
Pois bem, em tal conjuntura tão favorável ao governo o melhor que a oposição oferece é dar seguimento às políticas correntes e prometer mais eficiência administrativa e menos corrupção! É pouco, muito pouco! A oposição precisa ter propostas novas e capacidade para convencer o eleitorado de que elas são necessárias, viáveis e urgentes. Mas como fazer isso sem debate intrapartidário aberto e institucionalizado, assentado na diferença de diagnósticos e soluções? E como "testar", antes do pleito, o potencial eleitoral das ideias e os riscos embutidos nas novidades sem realizar prévias?
Afinal, alguém aí sabe o que Serra e Aécio pensam sobre os problemas nacionais? Alguém acha que algum deles ousaria propor mudança de rumos em relação ao que Lula vem fazendo? O que eles farão em relação a Bolsa-Família, câmbio com viés de apreciação, Mercosul paralisado, protecionismo comercial excessivo, política industrial e tecnológica concentradora de renda, educação de mal a pior, malha de transportes precária, regulação arcaica do setor de energia, infraestrutura em frangalhos e política externa terceiro-mundista? Algum deles propõe privatizar o que ainda está nas mãos do governo federal? Algum deles propõe que o Mercosul feche um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos ou a China, como fizeram México e Chile?
Sem que as diferenças sejam explicitadas o eleitor mediano não aceitará correr o risco de votar na oposição. E o tempo para esse debate já terminou!

Cultura: A Paraiba tem direito o Governo do Presidente Lula apoia tambem.

Paraíba tem pontões de cultura aprovados pelo Minc na ordem de 2 milhões


O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania Cultural (SCC/MinC), divulgou neste final de semana, o resultado do Edital Pontões de Cultura 2009. Foram contemplados 93 Pontões de Cultura para serem desenvolvidos e executados por entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, que possuam natureza cultural. A Portaria nº 39, com as relações dos projetos selecionados e dos não selecionados, foi publicada no Diário Oficial da União (Seção 1, páginas 37 a 41).


A Paraíba teve quatro pontões de cultura aprovados pelo Ministério da Cultura e os projetos aprovados foram: Pontão Culturas Empreendedoras, do Parque Tecnológico da Paraíba (Campina Grande); Pontão Piolli, do Centro Cultural Piollin (João Pessoa); Pontão de Cultura Ação Griô Nacional - Regional Ventre do Sol, da Escola Viva Olho do Tempo (João Pessoa);Pontão Cariri Território Cultural, da Universidade Leiga do Trabalho (Taperoá).

Os quatro projetos representam um investimento de 2 milhões de reais na cultura paraibana ao longo de três anos.

O edital previa, inicialmente, que apenas 40 proponentes seriam selecionados, mas devido a grande demanda e qualidade das propostas, a SCC/MinC premiou mais 53 projetos. Das 385 propostas avaliadas, 244 foram consideradas habilitadas e 141 inabilitadas pela comissão de avaliação, na primeira fase do processo seletivo.

O julgamento levou em consideração a articulação, difusão e capacitação com efetivo envolvimento, desdobramento e benefícios reais e palpáveis para a Rede dos Pontos de Cultura. A complementariedade ao Programa Cultura Viva - campos prioritários de ação como difusão e distribuição audiovisual dos Pontos de Cultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Livro e Leitura, Interações Estéticas - e a abrangência territorial estão dentre os outros critérios apreciados.

Saiba mais e confira as propostas contempladas: Secretaria de Cidadania Cultural divulga Pontões de Cultura selecionados http://www.cultura.gov.br/cultura_viva/?p=1186

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Juventude, esse governo tem gosto!!!

Presidente quer transformar todos criados por decreto ou portaria em lei. Ele também falou sobre combate ao narcotráfico e políticas para jovens.




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em sua coluna semanal para os jornais, que pretende tomar medidas para garantir a continuidade de todos os programas sociais que estão em execução com a sucessão presidencial em 2010. Lula também lembrou a criação do Conselho Sul-americano de Combate ao Narcotráfico e comentou sobre as políticas do governo destinadas aos jovens.



Para o presidente, é papel da população brasileira exigir que programas sociais criados por decreto ou portaria tenham continuidade assim como os que foram criados por lei, como o Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida; Pronasci; Projovem e Prouni. “Estamos avançando como nunca na redução das desigualdades e creio que o povo brasileiro não permitirá que todo esse trabalho desapareça”, defendeu.



Com o intuito de garantir a continuidade de todos os programas que estão em execução atualmente, Lula disse que pretende transformar em lei aqueles que não foram criados dessa maneira e condensar todos em uma “Consolidação das Leis Sociais”. “Determinei aos ministros Luiz Dulci e Tarso Genro que façam um levantamento e me apresentem, ainda este ano, uma proposta para transformar em lei todos os programas sociais criados desde a Constituição de 88, e que são frutos de decretos ou portarias”, disse o presidente. “Desta forma, estaremos garantindo que, independentemente do pensamento dos futuros governos, o Brasil continuará caminhando no sentido de eliminar a fome e erradicar a pobreza”, completou.

Conselho Sul-americano de Combate ao Narcotráfico

Lula lembrou que a criação do conselho foi aprovada na 3ª Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) em agosto, realizada em Quito, no Equador, e afirmou que a estruturação do órgão deve acontecer até dezembro. “Com a sua criação, nós deixamos de depender de outras partes do mundo para encontrar soluções que devem surgir dentro de nossa própria região”, afirmou.



O presidente destacou que, com a criação do conselho, os Estados Unidos passam a ter mais liberdade para combater o consumo interno - “um forte estimulador da produção e do tráfico de drogas, pela sua magnitude”. “Nós queremos que a relação dos Estados Unidos com a América do Sul seja marcada por um olhar de parceria e não de fiscalização”, defendeu. Lula comentou sobre o estudo da criação de um fundo para ser usado no combate ao narcotráfico e disse que a definição do local da sede do órgão ainda vai ser feita, em comum acordo, pelos integrantes da UNASUL.

Políticas para a juventude

O presidente comentou sobre as políticas do governo destinadas aos jovens e defendeu que eles são tão importantes para o país, que levaram o governo a criar a Secretaria Nacional de Juventude e realizar a primeira Conferência Nacional de Juventude. O encontro resultou em um conjunto de prioridades definidas pelos jovens.



Entre os programas, Lula destacou o Protejo, Prouni, Projovem e a implantação de escolas técnicas. Segundo o presidente, o Protejo envolve comunidades carentes em atividades de esporte e lazer, e oferece cursos profissionalizantes com bolsas de R$ 100,00 para 17.591 jovens. Com o Prouni, 540 mil jovens de famílias carentes recebem auxílio para cursarem faculdades particulares.



“O Projovem é um programa para os que estão na faixa de 18 a 29 anos e não tenham concluído o ensino fundamental”, apresentou o presidente. De acordo com Lula, cerca de 1 milhão de jovens recebem bolsa de R$ 100,00 para frequentar cursos de conclusão do ensino fundamental e qualificação profissional. Com relação às escolas técnicas, Lula anunciou a implantação de 214 novas unidades em todo o país, que vão oferecer 500 mil vagas de ensino profissionalizante até o final de 2010 em conjunto com as outras 140 que já existem.



“Quero ressaltar nossos esforços junto ao Conselho Nacional de Juventude para criar coordenadorias de juventude nos estados e municípios, o que contribuirá para transformar a política de juventude em uma política de estado”, completou Lula.

domingo, 8 de novembro de 2009

A UNE DE TODAS AS LUTAS!!!!! BOA...

A União Nacional do Estudantes (UNE) divulgou comunicado na tarde deste domingo (8) repudiando a decisão da Universidade Bandeirante (Uniban) de expulsar a estudante Geisy Villa Nova Arruda. A jovem foi humilhada por alunos da universidade no dia 22 de outubro por estar de roupa curta e teve de sair escoltada pela Polícia Militar.


A expulsão da estudante se tornou pública após a Uniban divulgar anúncio publicitário em jornais, alegando que foi constatada a “atitude provocativa da aluna”.

A UNE afirmou que “essa história absurda teve um desfecho ainda mais esdrúxulo”. Na nota, a entidade exige que “a matrícula da estudante seja mantida, que a universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela instituição, a Uniban, mas também pela Justiça brasileira”.


Leia abaixo a íntegra da nota:

Episódio de violência sexista acaba em mais uma demonstração de machismo

No dia 22 de outubro, o Brasil assistiu cenas de selvageria. Uma estudante de turismo da Universidade Bandeirante (São Paulo) foi vítima de um dos crimes mais combatidos na sociedade, a violência sexista, que é aquela cometida contra as mulheres pelo fato de serem tratadas como objetos, sob uma relação de poder desigual na qual estão subordinadas aos homens. Nesse episódio, a estudante foi perseguida e agredida pelos colegas, hipoteticamente pelo tamanho de vestido que usava, e só pôde deixar o campus escoltada pela polícia. Alguns dos alunos que a insultaram gritavam que queriam estuprá-la. Desde quando há justificativa para o estupro ou toleramos esse tipo de violência?

Pasmem, essa história absurda teve um desfecho ainda mais esdrúxulo. A Universidade, espaço de diálogo onde deveriam ser construídas relações sociais livres de opressões e preconceitos, termina por reproduzir lamentavelmente as contradições da sociedade, dando sinais de que vive na era das cavernas.

Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.

É naturalizado, fruto de uma construção cultural, e não biológica, que os homens não podem controlar seus instintos sexuais e as mulheres devem se resguardar em roupas que não ponham seus corpos à mostra. Os homens podem até andar sem camisa, mas as mulheres devem seguir regras de conduta e comportamento ideais, a partir de um padrão estético que a condiciona a viver sob as rédeas da sociedade, que por sua vez é controlada pelos homens.

Esse desfecho, somado às diversas abordagens destorcidas do fato na mídia, demonstram a situação de opressão que todas nós, mulheres, vivemos em nosso cotidiano. Situação em que mulheres e tudo o que está relacionado a elas são desvalorizados e depreciados. A mulher é vista como uma mercadoria - ora utilizada para vender algum produto, ora tolhida de autonomia e direitos, ora violentada, estigmatizada e depreciada. É essa concepção que acaba por produzir e reproduzir o machismo, violência e sexismo, próprios do patriarcado. Tal concepção permitiu o desrespeito a estudante.

Nós, mulheres estudantes brasileiras, em contraposição a essa situação, estamos constantemente em luta até que todas as mulheres sejam livres do machismo, da violência, do desrespeito e da opressão que nos cerca.
Repudiamos o ato de violência dos alunos contra a estudante de turismo, repudiamos a reação da mídia que insiste em mistificar o fato e não colocar a violência de cunho sexista no centro do debate e denunciamos a atitude da universidade de punir a estudante ao invés daqueles que provocaram tal situação.


Exigimos que a matrícula da estudante seja mantida, que a Universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela instituição, a Uniban, mas também pela Justiça brasileira.


Somos Mulheres e Não Mercadoria!

Diretoria de Mulheres da UNE - União Nacional dos Estudantes

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

11,7 milhões de brasileiros deixaram a faixa de menor renda da população, aqueles que ganham até R$ 188 mensais, e passaram para a faixa intermediária

Entre 2005 e 2008, 11,7 milhões de brasileiros deixaram a faixa de menor renda da população, aqueles que ganham até R$ 188 mensais, e passaram para a faixa intermediária ou mais alta. O dado foi divulgado nesta quinta-feira pelo Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008. De 2005 para 2008, a faixa intermediária de rendimentos da população, aqueles que ganham acima de R$ 188 até R$ 465, ganhou 7 milhões de pessoas. Para a faixa mais alta, os que ganham acima de R$ 465, foram 11,5 milhões.




http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200911051422_RED_78528772&idtel=

Perón, Getúlio, Lula

Quando acusou Lula de uma espécie de neoperonista, FHC vestia, em cheio, o traje da direita oligárquica latinoamericana. Que não perdoou e segue sem perdoar os líderes populares latinoamericanos que lhes arrebataram o Estado de suas mãos e impuseram lideranças nacionais com amplo apoio popular.
Por Emir Sader: Os três – Perón, Getúlio e Lula – têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional. Foi o suficiente para que se tornassem os diabos para as oligarquias tradicionais – brancas, ligadas aos grandes monopólios privados familiares da mídia, aos setores exportadores, discriminando o povo e excluindo-o dos benefícios das políticas estatais. Apesar das políticas de desenvolvimento econômico, especialmente industrial, foram atacados e criminalizados como se tivessem instaurados regimes anticapitalistas, contra os intereses do grande capital. Quando até mesmo os interesses dos grandes proprietários rurais – nos governos dos três líderes mencionados – foram contemplados de maneira significativa.

Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem – seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período que viviam, se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economías na 2ª Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.

A colocação em prática das chamadas políticas de substituição de importações permitiram a nossos países dar os saltos até aqui mais importantes de nossas histórias, desenvolvendo o mais longo e profundo ciclo expansivo das nossas economias, paralelamente ao mais extenso processo de conquisas de direitos por parte da massa da população, particularmente os trabalhadores urbanos. Se tornaram os objetos privilegiados do ódio da direita local, dos seus órgãos de imprensa e dos governos imperiais dos EUA. Dos jornais oligárquicos – La Nación, La Prensa, La Razón, na Argentina, ao que se somou depois o Clarin; o Estadão, O Globo, no Brasil, a que se somaram depois os ódios da FSP e da Editora Abril. Os documentos do Senado dos EUA confirmam as articulações entre esses órgãos da imprensa, as FFAA, os partidos tradicionais e o governo dos EUA nas tentativas de golpe, que percorreram todos os governos de Perón e de Getúlio.

Não por acaso bastou terminar aquele longo parêntese da crise de 1929, passando pela Segunda Guerra e pela guerra da Coréia, com o retorno maciço dos investimentos estrangeiros – particularmente norteamericanos, com a indústria automobilística em primeiro lugar -, para que fossem derrubados Getúlio, em 1954, e Perón, em 1955. Mas os fantasmas continuaram a asombrar os oligarcas brancos, que sentiam que aqueles líderes plebeus – tinham desprezo pelos líderes militares, que deveriam, na opinião deles, limitar-se à repressão dos movimentos populares e aos golpes que lhes restabeleceriam o poder – lhes tinham roubado o Estado e, de alguma forma, o Brasil.

O golpe militar argentino de 1955 inaugurou a expressão “gorila” para designar o que mais tarde o ditador brasileiro Costa e Silva chamaria, de “vacas fardadas”. A direita apelava aos quartéis, porque não conseguia ganhar eleições dos líderes populares. Durante os anos 50, no Brasil, fizeram articulações golpistas o tempo todo contra Getúlio, até que o levaram ao suicídio. Tentaram impedir a posse de JK, alegando que tinha ganho as eleições de maneira fraudulenta. JK teve que enfrentar duas tentativas de levantes militares de setores da Aeronáutica contra seu governo, legitimamente eleito, tentativas sempre apoiadas pela oposição da época, em conivência com os governos dos EUA.

O peronismo esteve proscrito políticamente de 1955 a 1973. Até o nome de Perón era proibido de ser mencionado na imprensa. (Os opositores usavam Juan para designá-lo ou alguns de seus apelidos.) Quando foram feitas eleições com um candidato peronista concorrendo – Hector Campora -, ele triunfou amplamente e – ao contrário de Sarney no Brasil – convocou novas eleições, truiunfando Perón, que governou um ano, até que foi dado o golpe de 1976, pelas mesmas forças gorilas.

No Brasil, o governo João Goulart foi vítima do mesmo tipo de campanha lacerdista, golpista, articulada com organismos da “sociedade civil” financiados pelos EUA, articulados com a imprensa privada, convocando as FFAA para um golpe, que acabou sendo dado em 1964. Perón, Getúlio e, agora, Lula, tem em comum a liderança popular, projetos de desenolvimento nacional, políticas de redistribuição de renda, papel central do Estado, apoio popular, discurso popular. E o ódio da direita. Que usou todos os “palavrões”: populista, carismático, autoritário, líder dos ”cabecitas negras”, dos “descamisados” (na Argentina). A classe média e o grande empresariado da capital argentina, assim como a clase média (de São Paulo e de Minas, especialmente) e o grande empresariado, sempre a imprensa das rançosas famílias donas de jornais, rádios e televisões.

É o ódio de classe a tudo o que é popular, a tudo o que é nacional, a tudo o que cheira povo, mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, direitos sociais, distribuição de renda, nação, nacional, soberania. FHC se faz herdeiro do que há de mais retrógado na direita latinoamericana – da UDN de Lacerda, passando pelos gorilas do golpe argentino de 1955, pelos golpistas brasileiros de 1964, pelo anti-peronismo e o anti-getulismo, que agora desemboca no anti-lulismo. Ao chamar Lula de neo-peronista, quer usar a o termo como um palavrão, como acontece no vocabulário gorila, mas veste definitivamente a roupa da oligarquia latinoamericana, decrépita, odiosa, antinacional, antipopular. Um fim político coerente com seu governo e com seus amigos aliados. * Fonte: Blog do Emir